Wednesday, November 08, 2006

"Eu quero dizer que posso ter visto meu filho morrer hoje"

A afirmação acima é a primeira das 593 lexias (blocos de texto que você vai descobrindo a cada clicar do mouse) da obra "Afternoon", de Michael Joyce (não confundir com James Joyce, autor de "Ulisses"), considerada a primeira ficção em hipertexto. A partir dessa lexia o leitor/internauta vai desvendando o restante da história, aos poucos, em movimentos circulares. Trata-se de uma construção em forma de labirinto, que procura quebrar a tradição linear de narração.

Afternoon foi publicado em 1987 pela Eastgate Systems, editora especializada na publicação de ficções em hipertexto. A empresa disponibiliza em seu site um programa chamado Storyspace, através do qual Michael Joyce escreveu sua obra. Qualquer um pode chegar lá e baixar uma versão demonstrativa.

Michael Joyce foi o pioneiro na hiperficção e abriu caminho para outros autores. Alguns ele mesmo cita em artigo no livro "Interlab - Labirintos do Pensamento Contemporâneo": a romancista Shelley Jackson, com "Patchwork girl or a modern monster"; o poeta Philippe Bootz; Adrianne Wortzel, com "Ah, need"; Marjorie Luesebink, com "Lacemaker"; e assim vai. No site de George P. Landow, estudioso de hiperficção, e no Hyperizons, espaço especializado, você encontra mais exemplos.

No Brasil, o marco é 1998, quando surge a obra A Dama de Espadas, de Marcos Palacios. Tristessa, de Marco Antônio Pajola, e Baile de Máscaras, de Vera Mayra, são outros exemplos do mesmo ano. A história de Palácios rendeu uma análise de outro escritor, Sérgio Caparelli, que também tem obras hipertextuais. Vale conferir o espaço Ciber & Poesia, parceria de Sérgio com Ana Cláudia Gruszynsk. Nesse portal, os dois exploram outras possibilidades do hipertexto, para além da simples escrita multilinear, como o uso de sons e movimento.

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